quarta-feira, 20 de maio de 2009

Rotina que escraviza - Liberte-se!


Eram seis horas da manhã quando Alexandre acordou com o barulho insistente do despertador do telefone celular, ainda pensou em desligar o aparelho, curtir o friozinho daquela manhã de quinta feira de Julho, mas lembrou-se que se chega atrasado mais uma vez esse mês, perderia a tão importante cesta básica. Alexandre já não suportava aquele trabalho que não lhe dava prazer algum, sua relação era apenas financeira, não suportava mais aquelas reuniões matinais todos os dias as 7:00 horas da manhã para ouvir a mesma história, o mesmo discurso “motivacional” utilizado sempre por algum gerente de vinte e poucos anos saído de uma faculdade bacana que não conhecia a realidade da rua e estava lá para transmitir a carga diária de pressão para atingir a “meta”, um número de venda que ele precisava trazer para no fim do mês ganhar a subsistência sua e de sua família.

Com aqueles pensamentos e mais desanimado do que de costume levantou-se com certa rapidez, olhou para sua companheira e observou em seu rosto que seu cansaço também era visível, pois além do seu trabalho na fábrica, onde também batia o cartão, ainda tinha o serviço do lar, pois tiveram de dispensar a empregada e também tinha de amamentar o pequeno Ulisses de quatro meses que naquele momento da sua vida só precisava de alimento e afeto. Observando a mulher que já estava a seu lado a mais de oito anos, não pode deixar de pensar e sorrir, agradecendo a Deus por ela existir, ser a mãe e a mulher que vem sendo todo este tempo. Olhou também para o mais velho de quatro anos, que ao nascer apresentou um problema congênito em sua formação óssea, mas que com luta e união conseguiu superar e vencer, hoje quem olha o pequeno Pedro e o vê correndo pra lá e cá não diz e nem pensa o que já passaram. Neste curto momento Alexandre se sente feliz, a esperança e a energia que precisava ele reencontrou em sua família, o motivo para vestir o uniforme que o transformava todo dia em uma marca, calçar o sapato preto com solado reforçado e apertado, pois não tinha seu numero e agora era obrigatório usar o uniforme completo, senão o poderia perder pontos na avaliação anual, aquilo tudo valia a pena, pois ele gosta de ser homem, gosta de ser pai, gosta de ter família. Ao pensar isso tudo ele percebeu que já haviam se passado dez minutos, teria que correr e foi o que fez, se arrumou o mais depressa que pode,pegou a moto foi para mais um dia de longa jornada, mais cinqüenta ou sessenta clientes a serem visitados a oferecer a novidade, mostrar o portfólio, ouvir muitos e muitos nãos e insistir, apelar para o sentimento das pessoas para vender, usar o clássico me ajuda que eu te ajudo, para no fim do dia poder voltar ao escritório com o número que a empresa quer. E assim por anos e anos até que a situação consigo mesmo foi se tornando cada vez mais insustentável, Alexandre sentia em seu interior, no seu mais íntimo sentimento que aquela situação estava transformando seu próprio jeito de ser, modificando a sua essência, com o tempo ele foi percebendo que até seu pensamento estava cada vez mais condicionado a atender o que o sistema quer e o que a empresa acha importante, ao chegar em casa, não encontrava mais animo para fazer o dever de casa com seu filho, nem brincar com o pequeno, tudo que conseguia fazer era ligar a TV, assistir ao jornal que falava da economia mundial e na taxa de juros. Nem ele sabia porque assistia aquilo,no fundo se sentia condicionado aquela rotina.Depois da novela das oito,que ao longo do tempo só mudam os nomes e os artistas,pois as histórias são sempre as mesmas e no seu pensamento,ele sentia como a alienação era transmitida,como os conceitos eram repassados a milhões de pessoas,percebia também,como aquele aparelho poderia ser útil,benéfico se fosse utilizado com um propósito bom.Alexandre pensava que se as pessoas viam violência na TV,praticariam violência em suas vidas,se as pessoas vissem infidelidade na novela,achariam “normal”trair a esposa e sempre que via isso,tinha vontade de desligar a televisão,ou mudar de canal,mas no outro canal da televisão aberta não era diferente,ainda não dava para ele pagar a TV a cabo que possivelmente teria uma opção melhor.

Um belo dia Alexandre acordou com o despertador e não levantou, ficou deitado até as 8:00, depois saiu para comprar pão e tomou um café da manhã com calma com sua família, naquele dia ele decidiu que seria diferente, foi ao seu trabalho para tentar fazer um acordo, pois ele sabia que era um bom funcionário e seria o mínimo que a empresa poderia fazer por ele, depois disso foi a Universidade próxima a sua casa se matricular num curso que sempre quisera fazer. Alexandre acordou motivado a ser feliz,resolveu aceitar o desafio de montar um pequeno escritório de prestação de serviços em sua casa,podendo assim passar mais tempo com sua família e se dedicar mais aos seus estudos,a sua religião,aos seus amigos.Alexandre decidiu ser feliz!

  

6 comentários:

  1. Fala Grande Amigo!

    Vc é uma cabeça pensante.

    Faça isso! Escreva! O Mundo precisa muito de pessoas como você pensando e produzindo conteúdo intelectual de livre vontade e por conta própria.

    Quanto mais se faz isso, mais contribuímos para que o Mundo melhore.

    Parabéns!

    Voltarei sempre!!!

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  2. Amiiiiiigo! Gostei muito de saber que você também tem um blog! Assino embaixo do que Costela escreveu. Estamos juntos aqui também.
    Comecei a escrever um blog no início do mês. http://www.liscabao.wordpress.com/

    Vou colocar um link pro seu!

    bjocas pra vc e pra família querida!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Meus Amigos,é muito bom ter vocês aqui e compartilhar pensamentos com vocês,voltem sempre!

    Felicidades!!!

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  5. Caramba, João, me emocionei com você!!! Além de estar grávida (muito chorona...rs) - estou passando PELA MESMA SITUAÇÃO de trabalho. Vc, sem saber, me deu uma enorme força.

    Mil bjus pra vc e pro seu time! :-)

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  6. Mano João,
    muito bom este assunto postado,
    pra quem está nesta situação é muito bom para refletir e tbm mudar,e para quem não está é bom
    para ver e depois não entrar, já que isso é muito sutil.
    Pois, o que mais presenciamos hoje nesse nosso mundo capitalista, é a grande massa mecanizada, com suas mentes bitoladas.
    Esquecendo que não basta só exisitir, mas sim viver.

    Continue escrevendo!

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